sexta-feira, 6 de março de 2009

Programa do curso - Jongo e Samba: a invenção da dialética da carioquice




UFF/CEG/ICHF/DEPTO. HISTÓRIA

PROGRAMA DE CURSO

Seminário em História da Cultura, Mentalidades e Ideologia

Jongo e Samba: a invenção da dialética da carioquice

Prof. Marcos Alvito, 2ª. e 4ª. de 8-10h, Textos na Pasta 241

Objetivos: O humor carioca, uma arte sutil e irônica manejada de forma crítica pelas classes populares, pode ser considerado o maior patrimônio imaterial da cidade do Rio de Janeiro. Utilizando a música como fonte privilegiada, desde as canções entoadas pelos escravos durante o trabalho nas fazendas de café até os sambas de partido-alto, buscamos investigar as raízes históricas daquilo que Vinicius de Moraes definia como “um estado de espírito”. Um estado de espírito marcado pelo “riso festivo” (Soihet, 1998) dirigido sobretudo contra as autoridades, a hierarquia social e, por último, mas não menos importante, o preconceito racial. Este espírito seria um desdobramento do “caráter ‘guerrilheiro’” de uma cultura da Diáspora africana (Lopes, 2005), que procede ao mesmo tempo se apropriando das expressões da cultura hegemônica para garantir seu espaço e “dissimulando suas expressões próprias em face da repressão”.

Unidades:

Pontapé (hipótese) inicial: a dialética da carioquice

I. Jongo e resistência escrava
O jongo, características principais
As condições de vida dos escravos nas fazendas de café do Vale do Paraíba
Religião e festa
A profundidade histórica do jongo
Análise de jongos
Na cidade: a cultura afro-carioca

II. Intervalo teórico: definindo cultura
Geertz e o conceito semiótico de cultura
Sahlins e a cultura em transformação

III. Mistérios do samba
Modalidades da música negra e do samba
Três teses sobre o samba
Um estudo de caso: samba e malandragem durante o Estado Novo ou os limites da domesticação do popular
Árvore e cama, investigando duas temáticas jongueiro-sambísticas



Leitura 1: (16 de março)
ALVITO,Marcos
(2008) “Com tanto pau no mato… notas para uma dialética da carioquice”, texto inédito

Leitura 2: (18 de março)
PACHECO,Gustavo
(2007) “Memória por um fio: as gravações históricas de Stanley J.Stein” In: LARA, S. H. and G. PACHECO (2007). Memória do Jongo: as gravações históricas de Stanley J.Stein. Vassouras,1949. Rio de Janeiro:Campinas: Folha Seca:CECULT.pp. 15-32.

Leitura 3-A: (23 de março)
STEIN,Stanley J.
(1990) Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Capítulos VI (“Senhor e escravo”) e VII (“Padrões de vida”).

Leitura 3-B: (25 de março)
STEIN,Stanley J.
(1990) Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Capítulo VIII (“Religião e festividades na fazenda”)

Leitura 4: (30 de março)
SLENES,Robert W.
(2007) “’Eu venho de muito longe, eu venho cavando’: jongueiros cumba na senzala centro-africana In: LARA, S. H. and G. PACHECO (2007). Memória do Jongo: as gravações históricas de Stanley J.Stein. Vassouras,1949. Rio de Janeiro:Campinas: Folha Seca:CECULT.pp. 109-156.

Leitura 5: (8 de abril)
KARASCH,Mary
(2000) A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras. Capítulo 8: “Samba e canção: a cultura escrava afro-carioca”.

Leitura 6: (27 de abril)
MONTES,Maria Lúcia Aparecida
(1996/1997) “O erudito e o popular, ou escolas de samba: a estética negra de um espetáculo de massa”, Revista USP, 32: 6-25.

Leitura 7: (4 de maio)
LOPES,Nei
(1992) O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical: partido-alto, calango, chula e outras cantorias. Rio de Janeiro: Pallas. Pp. 25-100.

Leitura 8: (11 de maio)
SODRÉ,Muniz
(1998) Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro:Mauad. Todo o livro, menos as entrevistas.

Leitura 9: (18 de maio)
VIANNA,Hermano
(1995) O mistério do samba. Rio de Janeiro:Jorge Zahar. Capítulos 1-2;6-9; conclusão. (pp.19-54 e 95-198)

Leitura 10: (3 de junho)
SILVA, Alberto Moby Ribeiro da
(2008). Sinal Fechado: a música popular brasileira sob censura (1934-45/ 1969-78). Rio de Janeiro: Apicuri.2.ed. Pp. 81-92 e 105-119


AVALIAÇÃO:
A avaliação levará em conta o conjunto da participação no curso, tendo em vista três elementos: a elaboração de duas resenhas críticas (ver infra), a presença e a participação nos debates.

RESENHAS:
Ao longo do curso o aluno deverá entregar duas resenhas críticas com três páginas cada uma. A resenha não é um resumo do texto ponto a ponto e sim uma reflexão, um comentário, a partir de temas e questões levantados pelo texto. Uma das resenhas deverá contemplar um texto da Unidade I e outra um texto da Unidade III.
Poderão ser entregues resenhas sobre as seguintes leituras:

Unidade I:
- Leitura 3 (A e B), em 23 de março
- Leitura 4, em 30 de março
- Leitura 5, em 8 de abril

Unidade II:
- Leitura 6, em 27 de abril
- Leitura 8, em 11 de maio
- Leitura 9, em 18 de maio

Obs: As resenhas deverão ser entregues pessoalmente, não podem ser enviadas por e-mail



CRONOGRAMA DO CURSO

01 09/03 Apresentação “Música e mito” Levi-Strauss
02 11/03 Filme: “Jongos, Calangos e Folias”
03 16/03 A dialética da carioquice LEITURA 1: Alvito,2008: “Com tanto pau no mato…”
UNIDADE I: JONGO E RESISTÊNCIA ESCRAVA
04 18/03 O jongo, características principais LEITURA 2: Pacheco,2007: “Memória por um fio”
05 23/03 As condições de vida dos escravos nas fazendas de café do Vale do Paraíba LEITURA 3-A: Stein,1990: cap. VI (“Senhor e escravo”) e VII (“Padrões de vida”)
06 25/03 Religião e festa LEITURA 3-B: Stein,1990: cap. VIII (“Religião e festividades na fazenda”)
07 30/03 A profundidade histórica do jongo LEITURA 4: Slenes,2007: “’Eu venho de muito longe, eu venho cavando’: jongueiros cumba na senzala centro-africana
08 01/04 Idem
09 06/04 Análise de jongos
10 08/04 Na cidade: a cultura afro-carioca LEITURA 5: Karasch,2000: cap. 8: “Samba e canção: a cultura escrava afro-carioca”
11 13/04 Filme: “Um preto velho chamado Catoni”
UNIDADE II: DEFININDO CULTURA
12 15/04 Definindo cultura: Geertz e o conceito semiótico de cultura
13 20/04 Idem
14 22/04 Definindo cultura: Sahlins e a cultura em transformação
UNIDADE III: OS MISTÉRIOS DO SAMBA
15 27/04 Música dança e religião: reunindo fragmentos da tradição africana LEITURA 6: Montes, “O erudito e o popular, ou escolas de samba: a estética negra de um espetáculo de massa”
16 29/04 Idem Idem
17 04/05 Modalidades da música negra e do samba LEITURA 7: Lopes,1992: 25-100
18 06/05 Idem
19 11/05 Primeira tese: Muniz Sodré e o dono do corpo LEITURA 8: Sodré,1998 (todo, menos as entrevistas)
20 13/05 Idem
21 18/05 Segunda tese: Hermano Vianna e o mistério do samba LEITURA 9: Vianna,1995: capítulos 1-2; 6-9 (pp.19-54 e 95-198)
22 20/05 Idem
23 01/06 Terceira tese: Alba Zaluar e o processo civilizatório
24 03/06 Um estudo de caso: samba e malandragem ou os limites da domesticação do popular LEITURA 10: Silva,2008: 81-92 e 105-119
25 08/06 Idem
26 10/06 Idem
27 15/06 Árvore e cama, investigando duas temáticas jongueiro-sambísticas
28 17/06 Continuação
29 22/06 Conclusão
30 24/06 AVALIAÇÃO DO CURSO PELOS ALUNOS



Obs: Para a bibliografia completa do curso e outras informações, consultar o blog do curso:

http://dialeticarioca.blogspot.com